O carnaval de Olinda é conhecido por ser um carnaval de rua, onde troças, blocos e muitas fantasias dominam as ladeiras da Cidade Alta durante os dias de folia. E para não perder um minuto da festa, muitas pessoas acabam optando por alugar uma casa para poder curtir o dia todo com os amigos. Para os moradores do bairro onde acontece a folia, essa é uma oportunidade de fugir do tumulto e também ganhar um dinheiro extra.
No carnaval de 2011, pelo menos 70 casas foram alugadas na parte histórica da cidade, a uma média de R$ 5 mil, segundo pesquisa feita pela prefeitura. “Se as pessoas ficam hospedadas dentro do próprio carnaval, facilita a interação, é diferente de quando você está distante. São dias de você vivenciar realmente a festa”, acredita o secretario de Turismo de Olinda, Maurício Galvão.
Foi nesse espírito que o administrador Petrônio Leite aluga, há onze anos, a mesma casa para passar o carnaval na cidade patrimônio. “Faço isso por paixão pelo carnaval mesmo, já está no meu sangue. Eu me junto com um grupo de amigos e a gente divide os custos da casa”, conta Petrônio, que não desistiu da folia mesmo depois de casar. “Depois que eu casei, fico durante o dia lá. Saio duas da manhã da casa e volto às 9h, mas nesse ano vou ficar direto”, admite.
Alugar sempre para a mesma pessoa é uma prática comum em Olinda, o que faz as casas ficarem mais disputadas. Mesmo amando carnaval, o professor de dança Rafael Moraes aluga, há quatro anos, para um mesmo grupo de Fortaleza, a casa em que mora, na Rua Treze de Maio. “Aqui é muito movimentado. Eu vou para a casa da minha irmã, onde eu consigo aproveitar o carnaval mais tranquilo”, conta Rafael.
Uma das preocupações na hora de alugar o imóvel, tanto para locatários quanto para locadores, é a questão do contrato. “Às vezes, tem uma cerâmica quebrada, um buraquinho na parede, mas é tudo bem acertado na hora de fechar o negócio”, ressalta Rafael, que toma cuidado para não ter prejuízo. O contrato deste ano foi fechado no final de setembro de 2011. “Eles já chegaram com o contrato pronto, só pra gente assinar. Quando você aluga para quem conhece, fica um pouco mais tranquilo”, acredita o professor.
Tranquilidade é uma coisa que o economista Vital Belfort não quer nem saber. Carnaval é hora de festa, dormir é a última preocupação. “Eu já ía sempre pra Olinda, mas há três anos resolvi ficar lá no foco do carnaval mesmo, é muito bom. No ano passado, nós juntamos 40 pessoas na mesma casa, mas agora em 2012, com duas casas, vão ser pelo menos umas 50”, avisa Vital, que reúne amigos do Rio, São Paulo, Bahia e Sergipe para os dias de folia.
Lógico que, para a festa ficar completa, Vital e os amigos não abrem mão das fantasias, itens que, para eles, não podem faltar no carnaval olindense. “O que eu mais gosto no carnaval de Olinda é a irreverência e a originalidade das fantasias”, explica o economista. E por falar em irreverência, foi uma brincadeira de um amigo que acabou dando nome a casa que eles organizam. “Um de nossos amigos, na primeira casa em que alugamos, disse que iria entrar em erupção. Então a gente começou a chamar de ‘Vulcan House’”, explica.
Os amigos de Vital não são os únicos a vir de outros estados e dividir uma casa para curtir a folia. No ano passado, pelo menos 60 mil turistas de fora da Região Metropolitana do Recife vieram para o carnaval olindense, segundo pesquisa da prefeitura. “O aluguel de casas acontece por uma necessidade, não existe quantidade de hotel suficiente para abrigar todo mundo. Você vê, 60 mil turistas não tem onde ficar somente em Olinda. Juntando Recife e Olinda, o número de leitos é inferior”, informa o secretario Maurício Galvão.
O valor das casas varia com a localização e tamanho. As ruas mais disputadas, segundo Deise de Araújo, que já trabalha há 30 anos como uma ‘corretora informal’ da parte histórica da cidade, são a Prudente de Morais, Treze de Maio, Bonfim e de São Bento. “Nesse ano, aluguei casa de R$ 2 mil a R$ 20 mil. Quem quiser alugar, é bom correr”, avisa Deise, que ainda resolve os problemas das casas que aluga. “Eu estou com 63 anos, mas meu cabelo ainda é preto. Tenho pique pra muito mais”, avisa.
Algumas casas alugam apenas a parte externa. É o caso da famosa casa vermelha, a antiga casa de Maurício de Nassau. Segundo a corretora, o valor só da parte de fora do imóvel é de R$ 25 mil. “Eu aluguei por R$ 2 mil a minha garagem. Não dá para sair, o povo precisa de mim”, conta Deise.
A perspectiva da prefeitura para o carnaval deste ano é de gerar mais empregos e renda para a cidade. Em 2011, 60 mil empregos temporários foram criados em Olinda e cerca de R$ 15 milhões injetados na economia da cidade.
FONTE:G1
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